Nos últimos anos, o chamado “estilo old money” invadiu as redes sociais com tons neutros, pérolas discretas e golas impecáveis.
Mas o que muita gente esquece é que old money não é um estilo de vestir — é um lugar social, uma construção histórica e um modo de existir.
Reduzir tudo isso a uma paleta de cores é, no mínimo, simplista.
Vamos além da estética e entender o que realmente está por trás desse conceito?
O verdadeiro “Old Money”
Com certeza voce já ouviu falar que o “Old Money” é um estilo onde se usa cores neutras, alfaiataria, suéter por cima dos ombros, etc.
A expressão “old money” surgiu nos Estados Unidos, no século XIX, durante a grande transformação economica que o país passava, como uma forma de distinguir as famílias que já eram ricas há várias gerações daquelas que estavam ficando ricas recentemente, durante o boom industrial e o crescimento econômico da época. Por exemplo, o capitalismo industrial produziu uma nova classe de milionários — empresários, banqueiros, magnatas do petróleo e do aço. Famílias como os Vanderbilts, Rockefellers, Carnegies ficaram extremamente ricas em uma ou duas gerações. Isso gerou uma divisão clara entre:
- Old Money: famílias como os Astors e os Livingstons, com riqueza herdada desde o período colonial.
- New Money: os recém-ricos, muitas vezes vistos como extravagantes ou sem “refinamento social”.




Biblioteca Pública de Nova York

os ex-presidentes dos EUA, da família Bush, a ex-primeira dama, Eleanor Roosevelt , entre outros.
A expressão “old money” passou então a ser usada para descrever quem já nasceu rico, com educação formal e tradicional, boas maneiras e discrição na vida pessoal e maneira de se vestir, propriedades antigas e nomes de prestígio, frequentam clubes privados e universidades de elite (Harvard, Yale, etc.)
A diferença entre “old money” e “new money” aparece com destaque na literatura e na cultura americana. Um exemplo clássico é o livro “O Grande Gatsby”, de F. Scott Fitzgerald (1925), que mais tarde, em 1974, se tornou um filme e em 2013 foi feito um remake estrelado por Leonardo Di Caprio como Jay Gatsby, um “new money”, ou novo rico, com um estilo extravagante, exagerado, que tentava entrar no mundo da elite tradicional. E no mesmo filme temos o ator Joel Edgerton como Tom Buchanan, um “old money” conservador, tradicional e com riqueza herdada de gerações.


Mesmo hoje, essa diferença persiste: famílias tradicionais evitam exposição nas redes, enquanto os novos ricos, como muitos influencers, ostentam suas conquistas com marcas, viagens e luxo.
Aqui na Europa, especialmente no Reino Unido e na França, o conceito de “nobreza de sangue” já existia há séculos, principalmente por causa das famílias reais, mas o termo “old money” como expressão, é mais comum nos Estados Unidos e nos países influenciados pela cultura norte-americana, como o Brasil.
No Brasil, existem famílias tradicionais de elite ou “old money”, na maioria são descendentes de imigrantes, que vieram para o Brasil com suas fortunas e contribuíram para o crescimento e desenvolvimento do país.
O “Old Money” também é um estilo?
Com uma resposta bem direta, Não!
Ser “old money” significa vir de uma família com riqueza antiga e tradição social. O “estilo” que vemos hoje é apenas uma interpretação estética do modo como essas pessoas se vestem, normalmente com discrição, bom corte e elegância atemporal.
Muitos confundem isso com usar apenas roupa social, que acreditam ser alfaiataria, e cores neutras, mas não é bem assim. Membros dessa classe também usam cores, estampas, jeans e até peças ousadas — desde que dentro dos códigos de elegância e adequação.
Já para algumas mulheres dessa classe, o estilo romântico também é adotado, mas sempre como foco no decoro e elegância, sem ostentação, embora vestindo-se com roupas de grandes grifes.
Um ótimo exemplo de estilo da classe “old money”, são os membros de famílias reais. Visto a sua importância no cenário politico, uma família real deve ser sempre bem vista pelo seus súditos, isso incluiu a maneira em que se vestem e como se comportam. Para ajudar a manter uma vestimenta impecável, as famílias reais são orientadas por Personal Stylist, garantindo estarem adequadamente vestidos para cada ocasião, e isso inclui o uso de vestimenta com cores vivas e também vestimenta menos formal, como peças em jeans. Vejamos alguns exemplos:
- Catherine Elizabeth Middleton, ou como a conhecemos, Kate Middleton, princesa consorte da Inglaterra. Ela não nasceu na elite, mas adotou o estilo clássico, discreto e elegante após se casar com o príncipe William. Sua forma de vestir é pensada estrategicamente por personal stylists e segue regras de etiqueta rígidas. Atualmente, a princesa Kate Middleton é amplamente elogiada pela sua elegância e discrição, fazendo bom uso das cores tanto em eventos formais, em que ela representa a coroa, quanto em eventos menos formais.
Por exemplo, no dia 08 de Julho, desse ano, a princesa de Gales marcou presença, ao lado do príncipe William, na recepção oficial ao presidente francês Emmanuel Macron e à primeira-dama Brigitte Macron, no Reino Unido. Os convidados foram recebidos na base aérea de Northolt e seguiu para o Castelo de Windsor, onde foi realizado o tradicional banquete oficial. Para a ocasião, a princesa de Gales usou um vestido longo, como pede a etiqueta, da grife Givenchy, na cor vermelha. Visto que ela estava representado a família real como chefe de estado, ela usou como acessório, uma joia real, a famosa tiara Lover’s Knot, feita com diamantes e pérolas, originalmente criada em 1914 a pedido da rainha Mary, e umas das joias preferidas de Lady Diana.
Já em um evento mais recente, no dia 17 de Setembro, a princesa Kate Middleton surpreendeu com um vestido dourado longo ao comparecer a um banquete de estado para Donald Trump e sua esposa Melania, no Castelo de Windsor.
A aposta ousada foi desenhada pela a estilista britânica de noivas Phillipa Lepley, que combinou um vestido na cor creme, em crepe de seda, com uma sobreposição de renda dourada bordada à mão. Escolha deslumbrante que combinou perfeitamente com a Ordem da Família Real da falecida Rainha Elizabeth II e do Rei, e uma faixa azul, representando que ela é uma Dama da Grande Cruz da Real Ordem Vitoriana. Notavelmente, ela também usou a famosa tiara Lover’s Knot.
Não é a primeira vez que a princesa Kate usa uma vestimenta de cor viva mesmo mantendo seu estilo clássico. Além disso, por diversas vezes ela usou jeans com muita elegância.




- Mary Elizabeth Donaldson, ou rainha consorte Mary, da Dinamarca. Conhecida por seu gosto impecável, mas com um estilo bem feminino, ela gosta muito de estampas e de cores também.






- Victoria Ingrid Alice Désirée, ou princesa Victoria da Suécia, filha da rainha consorte Silvia, filha de brasileira. Muito elogiada pela mídia, gosta de adicionar cores e estampas aos seus looks, sejam formais ou informais, sempre com elegância e feminilidade.






Resumindo
“Old Money” é uma expressão criada nos Estados Unidos para diferenciar as famílias ricas de longa data (herdeiros) dos novos ricos (empresários e industriais).
Não é um estilo de vestir — é uma classe social.
As roupas associadas a esse grupo refletem valores como discrição, tradição e sobriedade. Mas isso não significa usar só bege e blazer: o verdadeiro old money também usa jeans, cores vivas e estampas — sempre com equilíbrio e elegância.
Uma marca muito usada pela classe “old money”, é a Loro Piana que é uma marca italiana de alta-costura e artigos de luxo. Em todas as suas coleções de alta-costura, sempre tem cores e estampas mas os “especialistas”, quando fazem videos, mostram apenas peças de vestuário em cores neutras. Vejam abaixo alguns exemplos da coleções da loro Piana.






Devo me vestir como os “Old Money”?
A resposta rápida?
Você pode, mas não precisa. E nem vai ser a mesma coisa.
A estética old money transmite uma sensação de elegância atemporal e discrição — por isso atrai tanta gente. Mas vestir-se como old money não te torna parte daquele universo.
O estilo deles é consequência de uma cultura, de um lugar social, não uma tentativa de parecer rico.
Se você gosta do visual: adote o estilo Clássico! Mas com consciência.
Estilo é expressão, não imitação. Elegância também está no comportamento, no modo de falar, de tratar os outros e de se portar.
Considerações Finais
Se você sente que precisa melhorar sua forma de vestir, comece descobrindo qual é o seu estilo pessoal.
Você não precisa se encaixar em um único estilo — e isso é ótimo! Significa que você pode adaptar sua imagem a cada ocasião com autenticidade.
Eu, por exemplo, gosto do estilo clássico com toques românticos em alguns momentos. Em outros, aposto no criativo ou no boho. Costumo dizer que meu estilo depende do humor do dia! 😄
O mais importante é buscar equilíbrio, evitar exageros e ter peças que combinem entre si — sem depender de tendências.
Vista-se de forma consciente, de acordo com o ambiente, com respeito a si mesma e ao contexto.
Porque elegância de verdade vai muito além das roupas.